Após quatro dias de julgamento, na noite desta sexta-feira (27), a Justiça Federal (TRF1), em Belo Horizonte, decidiu pela condenação a 64 anos do ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, mandante da Chacina de Unaí. O responsável pelo crime que vitimou três Auditores-Fiscais do Trabalho e um motorista que atuavam em uma ação Inspeção do Trabalho em 2004 poderá recorrer em liberdade. A sentença foi considerada branda e criticada pelo Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho (SAFITEBA).
Durante os debates finais entre a acusação e a defesa, os sete jurados sorteados assistiram à apresentação dos vídeos que estão no processo e escutaram os depoimentos das testemunhas, entre eles, as viiúvas das vítimas e Erivaldo de Vasconcelos, assassino confesso que, confirmou a presença de Antério Mânica em uma reunião, onde foi selado o destino dos auditores fiscais e do motorista. Os AFTs fizeram vigília em frente ao prédio da Justiça Federal e, de mãos dadas, recitaram o nome de cada uma das vítimas, clamando por justiça.
O presidente do SAFITEBA, Mário Diniz, comentou a decisão da justiça reafirmando a importância da união da categoria para que este crime não fique impune. “Estamos indignados. Mesmo após dezoito anos desse crime brutal, que tirou a vida de servidores públicos que atuavam para garantir condições dignas aos trabalhadores do campo, houve a possibilidade do mandante recorrer em liberdade e um risco real do crime prescrever enquanto o responsável segue em liberdade. Seguiremos na luta, mesmo que tardia”.
A Chacina de Unaí
Em 28 de janeiro de 2004, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva foram assassinados a tiros em uma emboscada quando investigavam condições análogas à escravidão na zona rural de Unaí,no Estado de Minas Gerais incluindo as propriedades da família Mânica. O motorista Ailton Pereira de Oliveira, que acompanhava o grupo, também foi morto. O fazendeiro e ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, foi acusado de ser o mandante da execução.
As primeiras condenações envolvendo o caso só aconteceram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.